Empreendedoras transformam a realidade de membros da comunidade LGBTQIA+ através da Coquetelaria Eco Consciente

Às vezes a nossa segunda opção acaba se tornando a primeira. Foi assim com a empreendedora Ane Vallim. Ane entrou em um curso de coquetelaria durante a faculdade de Publicidade para fazer uma renda extra e acabou se apaixonando por este universo. Pouco tempo depois, seu destino se cruzou com o da Bianca Rançato, Relações Públicas, e juntas criaram a Casa Odara.

Bianca Rançato e Ane Vallim (crédito: Jessica Andrade)

“Quando entramos no Shell Iniciativa Jovem, a Casa Odara ainda estava no papel. Queríamos fazer uma casa que valorizasse a cultura brasileira e o IJ nos deu ferramentas para entender que o nosso plano era muito ambicioso. Eu brinco que nessa época a gente tinha muita força de vontade e um cartão de crédito com um limite de quatro mil reais. Então tivemos que nos adaptar, e criamos a Experiência Odara, que é um bar coletivo para espaços que não têm essa potência desenvolvida”, relembra Bianca. 

A experiência começou na Casa Omolukum, no Centro do Rio, e hoje já se expandiu para mais dois pontos na região: o Quitutes da Luz, no Morro da Conceição, e o Centro de Cultura UNICA, na Saúde.

“A experiência do IJ foi fundamental para dar corpo à nossa ideia, foi lá que aprendemos a fazer um plano de negócios. O IJ me ensinou a pensar no básico do propósito do que você quer fazer e a pôr um pé depois do outro”, complementa Ane.

A proposta do Bar-Escola segue o DNA da Casa Odara e tem a intenção de gerar um movimento que reivindique o lugar da coquetelaria como um espaço para todos, gerando renda e atuando diretamente na dignificação e na autoestima de corpos socialmente invisibilizados.

“Criamos um espaço seguro, onde as pessoas se sentem confortáveis para abrir as suas vivências e trocar experiências. Vai além da coquetelaria, é uma catarse coletiva”, explica Bianca.

(crédito: Jessica Andrade)

A Casa Odara foi selecionada para o Edital de Soluções para Retomada 2022, do Shell Iniciativa Jovem, que oferece apoio financeiro a empreendimentos atuantes na mitigação dos efeitos da pandemia da COVID-19. A iniciativa inscrita foi a Projeta, uma capacitação em Coquetelaria Eco Consciente focada na atuação, atendimento e gestão para a comunidade LGBTQIA+. A parte da sustentabilidade está no foco da utilização total dos alimentos. 

“O edital foi fundamental para nós, pois nos deu a possibilidade de manter e ampliar o projeto. A partir dele, conseguimos criar condições mais confortáveis para os nossos alunos, que fazem parte de um grupo de vulnerabilidade, com alguma dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Às vezes a oportunidade até surge, mas a pessoa não tem, literalmente, como chegar até ela. Graças ao edital conseguimos, por exemplo, oferecer uma ajuda de custo para o transporte dessas pessoas”, conta Ane.

(crédito: Jessica Andrade)

Hoje em sua segunda turma, o Projeta já acumula 30 alunos, muitos deles empregados na área. Outra novidade fruto do aporte do edital é a experimentação assistida. Agora, além das aulas teóricas, a turma vai poder fazer uma espécie de estágio em atendimento ao público. Ane e Bianca convidaram artistas da comunidade LGBTQIA+ para se apresentarem no Centro de Cultura UNICA, enquanto seus alunos preparam drinks para o público. 

“Queremos fazer do Projeta uma iniciativa contínua e gratuita. Já temos até lista de espera para a nossa terceira turma, no ano que vem. E também estamos com contatos no nosso radar para expandir o projeto para mais localidades”, comemora Bianca.