Jovem empreendedor utiliza a educação como ferramenta transformadora de realidades, por meio do projeto selecionado para o Edital de Soluções para a Retomada 2022

A educação de qualidade é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas e tem como objetivo proporcionar educação inclusiva, de qualidade e oportunidades de aprendizagem para todas as pessoas até 2030. E foi este ODS que inspirou o projeto O3 Educação (antigo Avançar), do empreendedor Pedro Vandro, uma edutech que une educação, inovação e tecnologia, com foco no processo de aprendizado de jovens, de forma personalizada e colaborativa.

Pedro teve a sua própria vida impactada pela educação. Aluno da rede pública de ensino e de colégios particulares de pequeno porte, ganhou uma bolsa de estudos por ser atleta e passou em segundo lugar para o curso de Biologia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi por meio do acesso à educação de qualidade que realizou o sonho de ser cientista na Fiocruz.

“Eu comecei a empreender por necessidade, dando aulas particulares junto com um amigo, nem sabia que estava empreendendo. O que me dá orgulho é que a gente conseguiu ter dinheiro suficiente para se formar. E, nesse caminho, fomos convocando outros professores de acordo com as necessidades dos alunos, até que em 2020 estávamos com 20 professores”, lembra Pedro.

Foi neste momento que Pedro identificou um obstáculo em seu projeto: não conseguia alcançar alunos de classes mais vulneráveis, estudantes da rede pública de ensino.

“A educação de qualidade existe, mas ela é cara, o que a torna inacessível”, define Pedro.

E assim nasceu o O3 Educação. O projeto foi selecionado para o Shell Iniciativa Jovem (IJ), o programa de empreendedorismo da Shell, onde Pedro desenvolveu o seu modelo de negócio.

O3 Educação (crédito: Acervo Pessoal / Pedro Vandro)

“Foi no IJ que abri meus olhos para tocar o meu negócio de verdade. Tive Bernard Caffé, CEO da Jovens Gênios, como meu mentor. Eu não tinha metodologia, método ou métricas, para saber se meu negócio estava funcionando de verdade. E então fui a campo pesquisar. Entrevistei 117 jovens, 103 alunos e seis colégios diferentes, para entender as dores, o dia-a-dia, a vivência e o ecossistema do ensino”, explica Pedro.

Nessa pesquisa de campo, Pedro identificou que os jovens dizem não saber como estudar, e que os pais têm pouco tempo para auxiliar os filhos.

“Só temos a métrica do boletim, se ele vem azul ou vermelho. É algo cultural, sistêmico, uma lógica de fábrica, que vem lá da primeira Revolução Industrial. Os próprios professores tiveram essa educação, então como fazer diferente? A pandemia acelerou isso tudo. Os alunos deveriam aprender de forma personalizada e individualizada”, defende Pedro.

Focando no público dos pré-vestibulares comunitários, Pedro inscreveu seu projeto no Edital de Soluções para a Retomada 2022, que oferece apoio financeiro a empreendimentos atuantes na mitigação dos efeitos da pandemia da COVID-19, e foi selecionado.

A iniciativa propôs unir 120 jovens de sete pré-vestibulares comunitários do Rio de Janeiro. Os alunos têm mentores universitários treinando e ensinando quais conteúdos estudar, além de aulas ao vivo para resolução de questões.

“O Edital foi importante para colocar em ação tudo o que foi desenhado por meio do IJ. Eu tinha a estrutura e a teoria, faltava implementar. Hoje temos 150 alunos em cada uma das localidades e já aumentamos o engajamento deles em 20%. São pessoas em situação de vulnerabilidade extrema, que enfrentam desafios como a violência e até mesmo a necessidade de alimentação. Também oferecemos oficinas de inteligência emocional e já identificamos uma diminuição da ansiedade dos alunos”, diz Pedro.

Alunos do O3 Educação (crédito: Acervo pessoal / Pedro Vandro)

Para o futuro, Pedro planeja consolidar a sua metodologia, validar as ferramentas que tem utilizado e investir na análise de dados.

“Depois do Edital, quero acompanhar os alunos que entrarem para a universidade. Também pretendo investir no mercado B2B, para desenhar, adaptar e co-criar soluções para escolas particulares, sempre mantendo um impacto social relevante. Quero investir numa plataforma de exercícios personalizados, para criar o hábito de estudo nos alunos e escalar o meu projeto, entregando para o máximo de pessoas possíveis e levando para alunos de outros anos”, conclui Pedro.