Edital de Soluções para Retomada Nossa Rede Shell

Empreendedora cria banco de tecido e transforma resíduos têxteis em matéria-prima

Por Shell Iniciativa Jovem em 05/01/2023

A cada ano, mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados no Brasil. O alarmante dado faz parte de um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a ABRELPE. Além de causar poluição ambiental, este tipo de descarte elimina oportunidades de trabalho. 

O que pode ser considerado lixo para uns, para outros é matéria-prima. A partir da utilização de retalhos, a empreendedora Ludmyla Oliveira começou o projeto A Criativa, uma marca de moda em acessórios feminina, slow fashion e sustentável, em Cosmos, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

(crédito: Arquivo Pessoal / Ludmyla Oliveira)

“Eu e minha mãe já trabalhávamos com a produção de joias e bolsas, quando veio a pandemia. Tivemos então a ideia de promover uma campanha nas redes sociais para a recolha de mais resíduos têxteis, que foram utilizados para confeccionar máscaras de tecido”, conta Ludmyla.

 

Pouco tempo depois, a carioca teve seu projeto selado no Shell Iniciativa Jovem, e pôde ajudar a capacitar um grupo de mulheres em corte e costura.

 

“Nós paramos, olhamos para o nosso plano de negócios e decidimos seguir somente no caminho da sustentabilidade. Foi quando fechamos uma parceria com o Grupo Soma, para fazermos parte do grupo que retira os resíduos da fábrica. Durante a pandemia tivemos um grande grupo de empreendedoras e alunas, muitas delas mães solo, que ficaram descapitalizadas. As redes de apoio ficaram ainda menores e muitas não têm como sair da Zona Oeste para fazer uma capacitação ou para trabalhar em um emprego em tempo integral na Zona Sul ou no Centro do Rio”, explica Ludmyla.

 

Assim nascia o projeto que seria selecionado para o Edital de Soluções para Retomada 2022, do Shell Iniciativa Jovem, que oferece apoio financeiro a empreendimentos atuantes na mitigação dos efeitos da pandemia da COVID-19. A iniciativa apresentada por Ludmyla consistia em fomentar o afroempreendedorismo e o empreendedorismo feminino por meio do fortalecimento da cadeia produtiva, economia criativa, geração de sustentabilidade na moda, mão de obra especializada e renda para os empreendedores locais que participam da produção dos itens.

 

(crédito: Arquivo Pessoal / Ludmyla Oliveira)

 

Promovendo o acesso ao Banco A Criativa de Tecido – banco de tecido para doação de resíduos têxteis captados da grande indústria da Moda e capacitação empreendedora local, o projeto é dividido em 4 imersões de conhecimentos nos eixos: design e desenvolvimento de produto criativo, precificação, vendas e mídias sociais.

 

O IJ e o edital têm uma importância máxima para a gente. É graças a eles que conseguimos estruturar melhor o Banco e capacitar as empreendedoras nestas áreas, porque a gente não tinha recurso financeiro para isso. E também possibilitou a retomada da nossa marca, uma vez que tínhamos um valor destinado para a nossa produção. Estávamos só no online e agora estamos voltando com a equipe completa”, conta Ludmyla.

 

A empreendedora estima impactar até 12 mil pessoas com o projeto, incluindo o seu alcance por meio das redes sociais. 

 

“Moda é atitude, é comunicação, é política. Como eu consigo ser mais sustentável sob a ótica da gestão do negócio? É preciso pensar em cada detalhe da sustentabilidade socioambiental, entender as técnicas aplicadas e como é a mão de obra por trás dos produtos. Assim começamos a ter uma indústria que promove desenvolvimento e não cause somente degradação para a população. Resíduo têxtil não é lixo, trabalhar com esse tipo de material não desvaloriza o produto final”, reforça Ludmyla.

 

Para o futuro, Ludmyla quer investir na ampliação da área de atuação do Banco A Criativa de Tecido, levando o projeto para todo o Rio de Janeiro.

 

“10% das vendas dos nossos produtos já têm esse destino, para investimento em transporte e equipe para a triagem do material. Temos a ambição de ter, até dezembro, 100 empreendedoras cadastradas e impactadas pelo Banco. Eu digo ambição porque isso implica em dobrarmos a recolha de tecidos. Também desejo, claro, aumentar a visibilidade do projeto e que haja cada vez mais espaço para falar de moda sustentável, e dos pequenos negócios que também fazem ela acontecer”, conclui Ludmyla. 

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